O Arroz De Palma

arrozdepalma1“Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito…
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há…

Pais e Filhos (Legião Urbana)

 

 

Eu costumo dizer que a internet me reservou boas surpresas e isso tem se mostrado cada dia mais verdadeiro. Na internet fiz bons amigos. Pessoas tão diferentes de mim e pessoas ao mesmo tempo tão iguais.
Houve uma época em que eu adorava passar meu tempo em salas de bate papo, jogando conversa fora, conhecendo pessoas de todo o tipo.
Numa dessas minhas empreitadas pelos chats do UOL conheci um cara que hoje considero um grande amigo.
Eu nem fazia idéia de quem era ele, mas em poucas conversas nasceu uma amizade tão legal, tão sincera. Nos descobrimos aos poucos, ambos apaixonados pelas palavras, pelas letras, pelos livros.
Descobri nele um dramaturgo, roteirista, poeta, ex-diplomata e mil coisas. Apesar da diferença de idade, nossas conversas sempre fluíram de forma fácil e gostosa.
Um belo dia, ele em Petrópolis, nos conhecemos pessoalmente, tomamos um café e a impressão que eu tinha do cara por trás do MSN se tornou mais real depois daquele encontro.
Eis que alguns meses atrás ele me fez um convite. Me disse que ia lançar um livro e que gostaria da minha presença no lançamento.
Eu, bicho do interior, bobo que sou, claro que aceitei. E na terça feira passada me encontrava na Livraria Argumento, em pleno Leblon, no lançamento do seu livro, O Arroz de Palma.
Introdução boba que fiz apenas para começar a falar desse livro saboroso que devorei rapidamente e, prometi a esse meu amigo, Francisco Azevedo -pra mim, o Chico! -fazer uma resenha aqui (como se eu tivesse gabarito para tanto).

O Arroz de Palma é uma história familiar. Aliás, como bem diz em várias ocasiões a narrativa do livro, ‘família é prato difícil de preparar’.
Acompanhamos no livro os 100 anos da história de uma família (que poderia ser a minha, a sua, a do vizinho), tempo esse em que, claro, muita coisa acontece: casamentos, brigas, separações, intrigas, comemorações, nascimentos e mortes. Tudo que uma família tem direito (inclusive existe um personagem homossexual, tratado de forma simples e real), temperados com carinho pelo autor, que sabe dosar as palavras com uma poesia deliciosa. Como bem diz uma crítica do livro, O Arroz de Palma é ‘uma história de família como um almoço de domingo.’
Assino embaixo e recomendo.

Só para dar um gostinho, alguns trechos que eu saboreei e apreciei, como verdadeiras guloseimas, presentes na narrativa da história:

“Cedo também aprendi que o corpo conhece outras maneiras de se purificar. A urina, a menstruação, o vômito, as espinhas, o esperma, a coriza e o suor, tudo nos purifica. O que o corpo põe para fora é sinal de purificação. Assim, as lágrimas seriam a forma mais elevada de nos purificarmos. E o nascimento de uma criança, a mais completa.”

“…Tantas questões por responder. Afluentes de um só rio somos todos, acredito. Artérias de uma só veia que deságua no coração. Bela missão esta que nos foi dada: a de nos criarmos e recriarmos pacientemente a cada dia. Sem que o sangue jamais nos suba à cabeça, é o que peço. Família somos todos.”

“…Sem demonstrar um pingo de fragilidade, olhando em meus olhos o tempo todo, Nuno me explica como começou a se envolver com as manifestações estudantis, as idéias políticas, o contato com as drogas, o clima de liberdade sexual entre os jovens e, por fim, pra me deixar completamente zonzo e nocautear, a sua amizade e o seu relacionamento com Augusto, um rapaz de 20 anos como ele.” (o grifo é meu)

“…Simples assim. Sempre acompanhamos com olhos de saudade o balão que sobe céu afora e se mistura no azul. Acontece com todos. Depois, são só histórias, uns poucos retratos e receitas caseiras. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.”

E isso é um nada perto de tudo que essa leitura pode nos proporcionar.
Indico a vocês a leitura e, a quem interessar, basta clicar aqui para ir até o Submarino na página do livro.

A você, Chico, meu querido, agradeço o carinho, a lembrança, o convite e o ter me proporcionado uma leitura tão agradável.
E agradeço também às palavras de incentivo e elogios a esse blog e à minha pessoa.
E espero ansioso aquele nosso café que estamos devendo um ao outro para colocar o papo em dia e desfrutar a companhia agradável.
Pra finalizar, deixo aqui embaixo a dedicatória tão sutil e tão cheia de carinho que você escreveu, à mão, no meu livro, comprado e autografado no dia 11/11/2008, na noite de lançamento, na Livraria Argumento, do Leblon.

“Autor, meu querido,
Prova inquestionável de que a internet pode ser fonte de belas amizades.
Beijo imenso e agradecido,
Chico.
Rio, 11.XI.08”

29 Responses to O Arroz De Palma

  1. loba disse:

    Eu n]ao sei se sei fazer resenha! Sei que vc fez um belo texto e chamou o leitor pra mergulhar no livro! Eu vou! Nem precisaria mais nada além do que vc escreveu. Mas já que fez a citação da purificação, me encantou! rs…
    Agora vou ler o que perdi aí lá embaixo. Ando perdendo coisas demais!!!
    Beijo!
    Ah… tou te mandando as perguntinhas indiscretas! Só espera eu pensar em mais duas! rs…

  2. Zeca disse:

    É, rapaz!

    E você ainda diz não ter gabarito para fazer uma resenha! Tão saborosa quanto deve ser o “Arroz de Palma”, que me deixou com água na boca para provar. Vou lá, atrás desse livro!

    Fora o livro, gostei das duas partes do texto: onde conta suas experiências pelas salas de bate-papo que lhe renderam, pelo menos, essa bela amizade e a outra, onde você fala com tanto prazer sobre o livro que nos deixa com vontade de lê-lo.

    Grande abraço.

  3. pinguim disse:

    Caro amigo
    a ideia que eu tenho da internet é essa: que no meio de muito interesse, muito sexo e algum oportunismo, podemos encontrar, se soubermos ter um cuidado selectivo, algumas relações de amizade, que passam do virtual ao real e este texto é prova disso.
    E não preciso de ir muito longe para eu ter a prova disso: foi na internet que eu encontrei o Déjan, o amor da minha vida.
    Abraço.

  4. fiquei com vontade de saborear esse arroz também!
    beijos moço

  5. ps: amizades sempre surgem no meio desse caos que é a internet e GRANDES AMIZADES por sinal
    você é um dos meus GRANDES AMIGOS

    so pra deixar o registro, caso você não saiba, você é um dos GRANDES!

  6. francisco azevedo disse:

    Autor, querido,
    Leio o “confissões a esmo” desde a inauguração do blog. Sempre me diverti e me alimentei com as histórias, as tiradas, os desabafos, as reflexões… Tudo escrito com muito talento, humor e sensibilidade.
    Leitor assíduo e curioso que sou, não perco também os comentários dos seus amigos. Alguns, como o misterangel, já me parecem tão familiares que faço questão de acompanhar a opinião emitida sobre cada tema (a última, em cima de “devaneios e confissões” é cáustica e hilária ao mesmo tempo. Morrir de tanto rir). Só uma relação de muita honestidade e confiança permite esse tipo de diálogo e de intervenção.
    Sou tímido por natureza. Por isso (e também por já ser “coroa”, rs), sempre participei do blog como observador. Às vezes, me senti tentado a comentar alguma coisa ou outra. Mas nunca criei coragem. Achei que seria invadir um espaço que, embora me fosse muito querido, não me pertencia.
    Hoje, com suas palavras generosas sobre “O arroz de Palma”, você me dá a oportunidade de entrar para o grupo sem me sentir “penetra”. Faço este meu primeiro comentário para deixar registro do meu grande carinho e admiração por você. Por esse seu modo especial de ser, por essa forma tão natural de aglutinar pessoas e de estabelecer vínculos de amizade.
    Obrigado, amigo, por falar de “O arroz de Palma” com tanto sentimento.
    Desejo vida longa a você e a todo esse seu (permita-me, nosso!) grupo. Que essa rede de afeto e de cumplicidade cresça, frutifique e irradie cada vez mais.
    Super beijo do Chico.

    • Juliana disse:

      E ontem me despedi de Antonio. Quanta falta sentirei dos nosso encontros noturnos, suas lembranças costuradas com tanto amor. Uma família ligada pelo arroz, pelo amor, encontros e desentedimentos que a tornaram real, possível. Que tristeza dizer adeus ao Antonio, vê-lo se desprender do corpo, segurar sua mão por alguns instantes e então deixá-lo partir. Mais uma vez fico órfã de um personagem e por alguns dias não serei capaz de me envolver em outra leitura. Preciso curtir esta saudade mais alguns dias, não é uma despedida fácil.
      Cada capítulo do livro foi uma poesia, estórias que me comoveram, me tornaram parte daquela família. Antonio filho,irmão,marido, pai, cunhado e avô, cada um a seu tempo e todos embolados em recordações. Que tempo gostoso….
      Como dizia Antonio, família somos todos e assim me despeço.
      Adeus Antônio.
      Olá Francisco.
      Se souber de mais algum Antônio perdido por aí, por favor me avise, irei direto ao seu encontro.
      Prazer e grande abraço,
      Juliana

  7. FOXX disse:

    como é bom saber que a internet ainda tem vida inteligente não é?

  8. Fabi disse:

    O lance é o seguinte…. vc é o CARA (pronto, estufou o peito, agora todo malhado e ficou convencido, ainda MAIS CONVENCIDO QUE É).
    Na verdade Autor, vc tem o dom, o dom de cativar as pessoas e fazer amizade com facilidade, tem sorriso fácil, conquista, é simplesmente impossível não gostar de vc.
    Então o meio nõa importa, seja pela internet, em um ponto de ônibus, na fila de um banco, vc é uma pessoa que está ali pronta pra conversar sobre qualquer assunto. E bingo! Se for o dia de sorte do outro ganhou um amigo pra vida inteira assim como eu.

    beijocas…. Le… está aí ainda…..desce do teto… acabaram-se os elogios..hahahaha

  9. DO disse:

    A internet tbem já me proporcionou experiencias otimas e amizades maravilhosas,AUTOR. Acho até graça qdo alguém diz que isto não seja possivel.

    Gostei da dica do livro do seu amigo. Vou atras.

    Abração!!

  10. Luan disse:

    To precisando mesmo de algo novo pra me agarrar e ler.

    Ja to na cola desse aqui. 🙂

  11. K disse:

    adoro quando colocam “grifo meu”, não sei pq… deve ser coisa de quem lê e odeia quando manipulam a leitura… =D

    já fui bem contra amizades virtuais, mas aprendi a superar o preconceito… acho bem legal quando ocorre alguma coisa que dá frutos como este caso!

  12. misterangel disse:

    você adora essa melação das pessoas te paparicando… falando que você é legal, que você é bonzinho, etc…
    um dia vou conseguir tirar essa sua mascara de bondade e as pessoas vão ver a verdade!!! que você é uma pessoa tão perversa quanto eu!!!
    humpf…. muito franca…

    with love

    mister angel.

  13. Sieger disse:

    Fiquei curioso em ler o livro! Tb vou atras dele!

  14. Daniel Savio disse:

    Hum, forão interessantes os “aperetivos” que você escolheu…

    Interessante a parte em que você narra uma amizade conseguida via web.

    Espero que você, Autor, não tenha sofrido por causa da enchentes que aconteceram no Rio de Janeiro.

    Fica com Deus, menino.
    Um abraço.

  15. Tanta Coisa! disse:

    Ai como o encontro com gente legal é bom né? Tem uma frase do Caio Fernando Abreu que adoro: “Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.” Bjão querido!
    P.S. Finalmente organizando o blog te coloquei entre os meus favoritos, ok?

  16. Fernando disse:

    Indicação de livro é sempre uma boa, por alguém que escreve tão bem vale o dobro. Tão difícil encontrar pessoas completamente alfabetizadas hoje, que a gente acaba valorizando mais qualquer dica que elas possam vir a dar.
    Pelos trechos selecionados, a história parece ser ótima. Já está na lista de próximas leituras. Abração!

  17. Cardo disse:

    Muito legal saber dessas conexões, embora defenda que é mais ou menos como encontrar agulha em palheiros (plural mesmo!). Antes de mais nada, só pra não passar apenas um lado da história: tenho amigos que se tornaram próximos apenas pelo fato de um dia termos aberto as janelas virtuais.

    Quanto ao livro, bom saber!

  18. Cardo disse:

    Legal saber dessas conexões, ainda que raras de acontecer. Falo das que valem à pena como investimento feito na raiz da palavra amigo! Mas, como sabemos, há regras para todas as exceções (e raridades)…

    Legal saber do livro!

  19. Su disse:

    Le…seu blog tá se tornando um daqueles onde os comentários são tão ou mais interessantes que o próprio texto…
    Perigoooo!! hahaha

  20. Nossa… q delicia de “depoimento” sobre uma amizade. E que manifestação gostosa de cumplicidade entre amigos. Muito bom! 😀

  21. stella azevedo disse:

    É maravilhoso poder saber que meu querido tio chico pode estar no mundo da internet fazendo o que ele faz de melhor , >>>sucesso<<<. Tio, Que Deus possa te abençoar e que tudo o que fizer seja sempre lindo, assim como vc fez me dando bons ensinamentos e tudo mais que aprendi por admira-lo.
    um Grandeeeeee beijo da stellinha!

  22. misterangel disse:

    só pra constar… eu vi o livre na livraria cultura pra vender aqui em campinas!!!
    hehehehehe
    with love

    mister angel.

  23. Graça Cabral disse:

    Ki chic o meu QUERIDO e AMADO Chico,
    está no mundo da internet.
    Beijos e Sorrisos!!!!
    da sua fã

  24. BeeDee disse:

    Olá pessoal!

    Escolhi o livro por intuição – que é como escolho os livros que leio – e estou amando…Estou naquela fase de ler só um pouquinho por dia, para prolongar o prazer. Estou com medo de ficar com saudade (não saudades, como diria Tia Palma) do Antônio e da família dele depois que o livro acabar!
    Enfim, mencionei o livro para uma amiga gringa e ela ficou super interessada em lê-lo. Alguma previsão de tradução do livro para o inglês?
    Para o autor/dono do blog (desculpem-me, sou super low tech, não sei o termo certo) se quiser me mandar um email com alguma info a respeito, agradeço.
    Uma ótima noite a todos!

  25. veradepaula disse:

    Quero experimentar esta obra. Em março,pude conhecer o “Chico ” atravavés de um programa de entrevistas na TV.Até seu jeito em deixar rolar o enrredo do livro me cativou… Também trata-se de um assunto que me fascina “FAMÍLIA”. CHICO, sucesso!…

  26. Fatima Castro disse:

    Caro Francisco Azevedo,

    Acabei de ler este maravilhoso livro O Arroz de Palma em uma linda manhã de sol no Rio de Janeiro.
    Que linda história sobre uma família portuguesa.
    Sou filha de portugueses imigrantes de Viana do Castelo vindos para o Rio de Janeiro.
    Sua história me fez recordar de meus avós, e as visitas que fiz a Portugal quando toda família se reunia em piqueniques memoráveis em lugares aprazíveis com a paisagem de Viana ao fundo.
    Um brinde com o vinho verde do Minho!
    Obrigada por sua história!
    Fatima Castro

  27. Juliana disse:

    Obrigada pela oprotunidade de dizer ao Francisco o que senti ao terminar a leitura do Arroz. Acredito que a mgem que escrevi em resposta ao comentário dele em seu blog será entregue a contento. Parabéns pelo seu trabalho, a divulgação deste livro é de grande valor, toda essa poesia precisa ser espalhada, é uma leitura que acrescenta, traz reflexão e não apenas ajuda o leitor a passar o tempo. As pessoas precisam descobrir este prazer que tanto nos faz crescer, nos torna pessoas melhores em dias tão difíceis.
    Não entendo nada de blogs, minha leitura ainda é aquela antiga de papel, sabe??
    Espero que tenha feito tdo direitinho e que vc tbém receba meu recadinho.
    Prazer e um abraço,
    Juliana

  28. Fernando disse:

    Não gostei. Arroz de Palma é chato, aborrecido!

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